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Ambientalistas do Greenpeace despejaram esterco em frente à sede da Aneel para protestar contra usina de Belo Monte | Evaristo Sa/AFP
Ambientalistas do Greenpeace despejaram esterco em frente à sede da Aneel para protestar contra usina de Belo Monte| Foto: Evaristo Sa/AFP

Paraná

J.Malucelli está no grupo vencedor

Segunda maior empresa de construção pesada do Paraná, a J.Malucelli Construtora de Obras é uma das companhias que vão construir a usina de Belo Monte. A empresa – ligada ao grupo J. Malucelli, do empesário Joel Malucelli – integra o consórcio Norte Energia, que venceu ontem o leilão para a construção da hidrelétrica no rio Xingu. O grupo é liderado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que tem 49,98%, e a Queiroz Galvão, 10,02%. A J Malucelli detém 9,98%. Também compõem o grupo: Galvão Engenharia, Mendes Junior Trading Engenharia, Serveng-Civilsan (com 3,75% cada uma), Cetenco (5%) e Bertin, por meio da Gaia Energia e Participações (10,02%) e da Contern (3,75%).

Essa é a segunda grande obra da J.Malucelli nos últimos dois anos. A empresa, criada em 1966, também participa da construção da usina de Mauá, no rio Tibagi, no Paraná. O projeto é avaliado em R$ 950 milhões. A J.Malucelli atua ainda em obras rodoviárias. No fim da tarde de ontem chegaram a circular rumores de que a construtora sairia do consórcio vencedor. O vice-presidente do grupo J. Malucelli, Alexandre Malucelli, porém, garante que a informação não é correta. "Pelo contrário, estamos muito felizes", afirmou.

Da Redação

Polêmica

Entenda melhor a polêmica em torno da construção de Belo Monte.

Impacto ambiental

Os ambientalistas argumentam que os estudos ambientais são falhos e que não foi medido o real impacto do projeto. O Rio Xingu tem uma variação de nível muito grande e a barragem deixará uma faixa de 100 quilômetros com o fluxo de água reduzido, o que vai influenciar a vida das comunidades ao redor do rio – entre elas diversas comunidades indígenas.

Viabilidade

Há especialistas que contestam a viabilidade do projeto, justamente porque o Rio Xingu tem grandes variações. A capacidade instalada será de 11 mil MW, mas a usina garantirá menos de 5 mil MW médios. Assim, durante uma parte do ano ela produzirá apenas um quinto de sua capacidade total. Ambientalistas dizem que esse fator levará à construção de outras usinas para controlar o fluxo de água.

O governo, no entanto, garante que isso não ocorrerá e que Belo Monte funcionará a plena carga na época de seca no Sudeste.

Custo

O governo estima que são necessários R$ 19 bilhões para a construção e diz que o risco foi bem calculado. Especialistas, no entanto, dizem que há dúvidas com relação ao tipo de solo da região – questão importante em um projeto que prevê a escavação de canais de 30 quilômetros. O preço final, bancado por estatais e pelo BNDES, pode ser bem mais salgado, inviabilizando a manutenção de uma tarifa de R$ 78, como propôs o consórcio vencedor.

Projeto sai com carimbo do governo

Na opinião dos especialistas, quem ganhou mesmo o leilão para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, foi o governo federal. Sem os subsídios econômicos oferecidos pela administração de Luiz Inácio Lula da Silva, a licitação nem sequer teria acontecido. E, além de fornecer apoio financeiro, o Estado deverá prover de ajuda técnica o consórcio Norte Energia para a execução da obra da usina.

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O leilão do projeto de construção do que será a maior hidrelétrica 100% em território nacional lembrou os embates em torno das privatizações dos anos 90. Até chegar ao nome do consórcio vencedor – o Norte Energia, liderado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) – o governo precisou derrubar duas liminares que ordenavam o cancelamento da concorrência, e aturar um protesto em frente da sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – ativistas do Greenpeace despejaram esterco diante do local onde foi realizado o leilão.Apontado como azarão, o consórcio Norte Energia arrematou a concessão da hidrelétrica de Belo Monte oferecendo um desconto de 6,02% sobre o preço máximo estabelecido pelo governo. Assim, o grupo propõe cobrar R$ 78 por MWh comercializado pela usina.No início da noite de ontem, apareceram rumores de que o consórcio teve as primeiras baixas. A construtora paranaense J. Malucelli (com 9,98% de participação) teria enviado aos sócios uma carta desistindo do projeto – embora oficialmente a empresa negue (veja texto nesta página). Outra participante, a empreiteira Queiroz Galvão (10,02%), pediu uma semana para pensar se continuará no consórcio.De acordo com a Aneel, porém, a alteração no consórcio só pode acontecer depois da outorga da usina, prevista para 23 de setembro. A mudança deve abrir espaço aos fundos de pensão Petros e Funcef e também autoprodutores (indústrias que absorverão a produção de energia da usina para consumo próprio), como CSN, Braskem e Gerdau.DisputaO leilão durou apenas sete minutos e foi encerrado na primeira fase, com o consórcio vencedor ofertando R$ 78 por MWh – valor que pelas regras do leilão ficará em R$ 77,97 por MWh para a venda para distribuidoras. Em relação aos leilões das usinas do rio Madeira (RO), a disputa por Belo Monte trouxe menos benefícios aos consumidores. Em Santo Antônio, houve deságio de 35% em relação à tarifa teto; em Jirau, de 21%. Mas os preços ficaram próximos: R$ 78,87 em Santo Antônio; R$ 71,4 em Jirau."É a energia mais barata que existe em todo o atual leque de opções de obras no país", disse o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Para o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, a usina já deveria ter sido feita há muito tempo.

Para se tornar viável, a hidrelétrica de Belo Monte tem pesada participação do governo, seja por meio das estatais e dos fundos de pensão, seja por benefícios fiscais e financiamento público do BNDES.

O custo da usina, estimado pelo governo em R$ 19 bilhões, também foi muito questionado, mas hoje foi defendido pelos vencedores. "Analista a gente tem para tudo, até para astrologia. Cada um faz sua análise. Minhas avaliações, com as equipes técnicas do consórcio, mostram que a obra pode ser feita com a tarifa colocada", afirmou José Ailton de Lima, diretor de engenharia e construção da Chesf.

Justiça

Para que o leilão fosse realizado, houve uma batalha jurídica: liminares suspendendo o leilão e sendo derrubadas pela Advocacia Geral da União em seguida. Assim que o leilão foi encerrado, o anúncio do vencedor ficou suspenso por mais de duas horas, por conta de outra liminar contrária à obra. O Ministério Público Federal, agora, investigará se o governo federal desobedeceu a uma ordem judicial.

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